O nascimento de um bebê causa um forte impacto no irmão primogênito, que tem de aprender a partilhar a atenção dos pais, da qual, até então, usufruía com exclusividade. É importante que os pais identifiquem precocemente o problema e atuem de forma a dar à criança a segurança afetiva que ela precisa. A integração da criança nos preparativos e nas rotinas do recém-nascido é o meio mais eficaz de reprimir o ciúme, já que ela se sente importante e necessária nessas tarefas. O ciúme é uma reação normal ao afastamento provocado pela chegada inexplicável de um “intruso”, pois este passará a compartilhar com a criança o amor e a atenção dos pais.
O modo como a criança manifesta e exterioriza o ciúme é muito variável, dependendo da idade da criança e das reações dos pais. O comportamento regressivo é a forma mais comum e caracteriza-se pela retomada de comportamentos que já tinham sido abandonados, como a regressão na linguagem, voltar a querer chupeta, enurese noturna, entre outras. No entanto, a exigência constante de atenção, ou pelo contrário, mau comportamento sistemático para chamar a si as atenções, pode ser um modo de manifestação.
A criança pode até ter atitudes de hostilidade dirigidas ao irmão ou à mãe. Uma outra forma de reagir é a atenção e preocupação constantes com o irmão, rodeando a mãe e o bebê de cuidados excessivos, com o desejo de agradar e recuperar o “amor perdido” da mãe. É nesta altura que a criança se questiona constantemente sobre: “Se os meus pais me amam, porque querem outro filho?”, “Será que vão continuar a gostar de mim?”.
A atitude dos pais é determinante, pois o modo como tratam cada filho poderá estar na origem das relações conflituosas - a base de toda esta rivalidade/hostilidade assenta no desejo de a criança ter o amor dos pais.
À medida que o tempo vai passando e o irmão mais novo cresce, o mais velho assume o papel de “irmão mais velho”. É nesta altura que a atitude dos pais é fundamental, pois, se demonstrarem compreensão e atitudes positivas, a criança supera o ciúme inicial, caso contrário, pode gerar-se um ciclo vicioso e “traumatizante” para a criança.
À medida que o tempo vai passando e o irmão mais novo cresce, o mais velho assume o papel de “irmão mais velho”. É nesta altura que a atitude dos pais é fundamental, pois, se demonstrarem compreensão e atitudes positivas, a criança supera o ciúme inicial, caso contrário, pode gerar-se um ciclo vicioso e “traumatizante” para a criança.
Para se estabelecerem relações adequadas entre irmãos e para prevenir o ciúme entre eles, há algumas recomendações a ter em conta:
1) Deve evitar-se que o nascimento de um irmão coincida com outras mudanças importantes na vida da criança (por exemplo, a entrada no jardim de infância). Após o nascimento do bebê, não se deve reduzir a quantidade, nem a qualidade da atenção, que a mãe e o pai dispensam à criança mais velha, tentando manter a rotina anterior ao nascimento do irmão.
2) Ajudar o irmão mais velho a assumir o novo papel, ressaltando a sua importância e prevenindo o ciúme que aparece com frequência quando a mãe ou o pai estão absorvidos no cuidado do bebê. Convém estimular a sua participação nesses cuidados, de forma que o filho se sinta importante e útil.
3) Evitar comparações, bem como a distribuição de papéis entre irmãos. Os pais devem colocar em evidência os progressos de cada criança e as suas qualidades em diferentes áreas, sobretudo nas atividades que constituem as suas especializações, e sempre tomando a própria criança como referência. Pretende-se com isto valorizar o seu progresso em determinada situação, aumentando a sua auto-estima.
O amor de uma criança pelos seus pais é extremamente intenso e incondicional, portanto, há o desejo da exclusividade. O sentimento de ciúme deve ser encarado de forma natural. É próprio do ser humano… Se os pais fizerem um esforço contínuo para ajudar os seus filhos nas suas angústias, as crianças terão oportunidade de aprender, a cada dia, a adaptar-se às novidades e a abrir mão do egocentrismo próprio da primeira infância.
É muito importante que os pais estejam em sintonia com os sentimentos das crianças e ajudem-nas a manifestar-se.
Autora: Sandra Costa, com a colaboração de Íris Maia, Pediatra do Hospital de São Marcos de Braga.
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