segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Os primeiros dias

 
         Perceber que não só as crianças devem ser acolhidas e inseridas, mais seus pais também. É importante respeitar os sentimentos dos pais que muitas vezes se sentem culpados em deixar seus filhos com pessoas estranhas à família, esclarecendo que as novas relações irão enriquecer os universos das crianças e de seus pais, sem substituí-los no seu papel principal.
         Consideramos fundamental que um dos pais permaneça na Instituição, acompanhando de perto o processo de inserção de seu filho, caso não possam acompanhar esse processo, é aconselhável que indiquem outra pessoa de confiança da criança para cumprir esse papel.
         Acreditamos que para a criança essa é a forma mais suave de superar esta fase, pois se sentirá mais segura para explorar o novo ambiente.
            O educador que recebe uma criança nova na turma também vivencia momentos conflitantes, com dúvidas e insegurança. Para facilitar esse processo os professores seguem algumas orientações como:
  • Informar os pais sobre o funcionamento da Instituição de forma detalhada e organizada, para que possam ter a maior clareza possível quanto aos princípios filosóficos e educacionais em que pauta o trabalho no espaço educativo que estão escolhendo para acolher seus filhos, para que compreendam o trabalho realizado com as crianças, que confiem nos adultos e que se sintam bem em deixar seus filhos nesta Instituição.
  • Explicar aos pais que o período de adaptação é de aproximadamente 3 a 4 semanas e que as dúvidas, as inseguranças e culpas fazem parte desse processo, porém eles não estão sozinhos, pois o CEI também participa no processo de adaptação de seu filho.
  • Permitir que nesse momento inicial da criança na Instituição ela traga de casa objetos que lhe de segurança e conforto, como chupetas, paninho, travesseiro, bichinhos de pelúcia, brinquedos entre outros. A medida que adquire mais intimidade com o novo espaço e as novas pessoas de referência, ela irá abrindo mão desses apoios. Os objetos podem estar simplesmente por perto, na mochila, no armário, onde ela recorrerá a eles provavelmente em momentos de maior fragilidade. Aos pouquinhos, a criança pode ser convidada a contribuir com objetos trazidos de casa para as dinâmicas do grupo, o que lhe causará grande prazer. Fotografias suas em diferentes idades e situações, com seus familiares, inclusive, também ajudam. Nos primeiros dias as crianças se sentirão mais a vontade explorando ambientes, acompanhadas. Geralmente preferem a área externa, mexer com água, terra, areia, brincar no parquinho, até que aos poucos vão sendo atraídos pelo grupo de crianças, pelo desejo e curiosidade de “VER” o que esta acontecendo. As experiências vividas neste período devem ser agradáveis, tanto para a criança, como para a Instituição, pois sempre propiciam aprendizagem.
  • Organizar a sala de modo que o ambiente seja motivador, evitando o uso de mesas nas turmas menores, colocando colchões no chão para as crianças sentarem e disponibilizando brinquedos que favoreçam a afetividade, como bonecas, bichos de pano etc..
  • Planejar atividades simbólicas que trabalhem a relação de perda (esconde-esconde, brincadeiras de imitar animais, entre outras).
  • Receber a criança demonstrando alegria e satisfação por sua chegada
  • Estar presente no momento em que os pais se despedem da criança para ampará-la, dizendo-lhe que seus pais foram trabalhar e que virão buscá-la em determinado horário relacionando este com uma atividade específica (após o sono, lanche da tarde, passeio etc). Nesse momento é muito importante o contato físico, educador/criança.
         As dificuldades no período de inserção não acontecem apenas no ingresso da criança na unidade, podem também acontecer quando ela retorna após um período de afastamento seja por férias, tratamento de saúde, férias dos pais ou qualquer outra situação.
         Entendemos que inserção e acolhimento expressam melhor o que pretendemos que seja esse momento na vida das crianças e das famílias. Todos os envolvidos nesse processo precisam estar abertos para se integrarem no novo grupo que se constituem, novas formas de ocupação dos espaços, enfim, nas novas interações que se instalam.
                

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