segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Pedido de demissão da vida adulta...

Venho por meio desta, apresentar oficialmente meu pedido de demissão da categoria dos adultos.
Resolvi que quero voltar a ter as responsabilidades e as ideias de uma criança.
Quero acreditar que o mundo é justo e que todas as pessoas são honestas e boas.
Quero acreditar que tudo é possível.
Quero que as complexidades da vida passem despercebidas por mim, e quero ficar encantada com as pequenas maravilhas deste mundo.
Quero de volta uma vida simples e sem complicações.
Estou cansada de dias cheios de papéis inúteis, computador, notícias deprimentes, contas, fofocas, doenças e a necessidade de atribuir um valor monetário a tudo que existe.
Não quero mais ter que inventar jeitos para ganhar dinheiro para pagar por coisas que verdadeiramente não necessito.
Não quero mais dizer adeus as pessoas queridas e, com elas, a uma parte da minha vida. Elas ficam, a partir de agora, eternamente vivas no meu mundo da imaginação.
Quero ter a certeza de que Ele está mesmo no céu, e que durante o sono nos encontramos e conversamos um monte.
Quero viajar ao redor do mundo no barquinho de papel que vou navegar numa poça deixada pela chuva. A mesma chuva que me molhou inteira porque continuei brincando na rua.
Quero jogar pedrinhas na água e ter tempo para olhar as ondas que elas formam.
Quero andar me equilibrando nos paralelepípedos como se fosse a grande equilibrista do circo.
Quero achar que as moedas de chocolate são melhores do que as de verdade, porque posso comê-las e ficar com a cara toda lambuzada.
Quero poder passar as tardes de verão à sombra de uma árvore, construindo castelos no ar e dividindo-os com meus amigos.
Quero voltar a achar que chicletes e picolés são as melhores coisas da vida.
Quero que as maiores competições em que eu tenha de entrar sejam um jogo de cartas, dominó ou fazer túneis na areia da praia.
Eu quero voltar ao tempo em que tudo o que eu sabia era o nome das cores, dos números de 1 a 10, das cantigas de roda, recitar a "Batatinha quando nasce" e isso não me incomodava nadinha, porque eu não tinha a menor idéia de quantas coisas eu ainda não sabia...
Voltar ao tempo em que se é feliz, simplesmente porque se vive na bendita ignorância da existência de coisas que podem nos preocupar e aborrecer.
Eu quero acreditar no poder dos sorrisos, dos abraços, dos agrados, das palavras gentis, da verdade, da justiça, da paz, dos sonhos, da imaginação, dos castelos no ar e na areia. E o que é mais: quero estar convencida de que tudo isso vale muito mais do que o dinheiro!
Por isso, tomem aqui as chaves do carro, a lista do supermercado, as receitas do médico, o talão de cheques, os cartões de crédito, o contracheque, os crachás de identificação, o pacotão de contas a pagar, a declaração de renda, a declaração de bens, as senhas do meu computador e das contas no banco e resolvam as coisas do jeito que quiserem. A partir de hoje, isso é com vocês, porque eu estou me demitindo da vida de adulto.
Agora, se você quiser discutir a questão, vai ter de me pegar, porque...
PIQUE! O PEGADOR ESTÁ COM VOCÊ! E, para sair do pegador, só tem um jeito: demita-se você também dessa sua vida chata de adulto e venha brincar comigo. Vamos andar na chuva sem medo do resfriado.
NÃO TENDO MEDO DE SER FELIZ!
-Conceição Trucom-

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