Como ajudar o professor a fazer um diagnóstico dos saberes da turma de 4
e 5 anos?
Nas atividades de diagnóstico, o
professor não deve dar dicas e direcionar consultas
Em qualquer turma de Educação Infantil, o
professor precisa ter dois conhecimentos fundamentais para elaborar o
planejamento das atividades de qualquer eixo de aprendizagem. São eles:
1. Conhecer muito bem quais são as expectativas
de aprendizagem de cada eixo da Educação Infantil;
2. Conhecer os saberes de sua turma
e de cada criança nos diferentes eixos.
O primeiro aspecto é fruto de estudos constantes e
da elaboração coletiva de um quadro simples e claro para o conteúdo de cada nível
e eixo. Cabe ao
coordenador pedagógico fazer as formações continuadas para que os professores
tenham uma clareza, cada vez maior, dos conteúdos de aprendizagem. O segundo
item precisa de um planejamento específico de atividades diagnósticas por eixo
e é sobre ele que falarei no texto de hoje.
Diagnóstico dos saberes
Na semana passada, falei sobre a importância de
realizar essas atividades alguns dias após o retorno das férias. Esse período é essencial para a adaptação das crianças à rotina escolar e para o
professor conseguir repertoriar os pequenos com jogos, brincadeiras e situações
de oralidade, arte, matemática, leitura e escrita.
Bem, passado esse período de mergulho na rotina, é
hora de mapear os saberes da turma. Para tanto, é preciso ter alguns focos
definidos por nível e por eixo.
Para saber quais são os conhecimentos reais de cada
criança, será preciso planejar atividades que ela faça sem qualquer intervenção
do professor. Isso é importantíssimo! A criança precisa realizar a tarefa
demonstrando o que sabe e o que precisará aprender. Caso o professor dê uma
dica ou direcione para consultas, a situação deixará de ser de diagnóstico e
passará a ser de aprendizagem.
As contribuições de Lev Vygotsky
O psicólogo bielo-russo Lev Vygotsky (1986-1934) deu uma grande contribuição à Educação
em relação a esse assunto quando diferenciou a zona de conhecimento
proximal da zona de conhecimento real. A primeira é o que a
criança é capaz de fazer com ajuda do professor, por exemplo, e
a segunda é o que ela sabe fazer com a autonomia.
Um exemplo claro disso é quando pedimos para uma
criança pequena quantificar uma coleção de objetos. Se o professor orientá-la a
organizar as peças linearmente e ajudá-la a se lembrar dos números rasos (20 e
30, por exemplo), ela certamente quantificará corretamente. Entretanto, se não
houver qualquer intervenção do professor, ela se “atrapalha” e conta cada
objeto mais de uma vez, assim como se equivoca ao recitar a sequência numérica.
Na primeira situação, podemos dizer que o
conhecimento de quantificar está na zona de conhecimento proximal,
enquanto a segunda situação se relaciona com o conceito de zona de
conhecimento real.
Estou falando sobre tudo isso, porque acredito que,
no dia a dia, as situações de aprendizagem devem estar na zona de
desenvolvimento proximal, porque são as intervenções pontuais do professor e a
troca com os colegas que vão assegurar as aprendizagens. Por outro lado, nas
atividades de diagnóstico dos conhecimentos queremos identificar o que cada
criança já sabe, ou seja, o que está na zona de conhecimento real. Daí o
porquê de o professor não dar dicas e realizar as atividades individualmente.
Como propor a atividade diagnóstica para as
crianças
Um jeito bacana de fazer isso é compartilhar com os
pequenos falando algo mais ou menos assim:
“Turma, eu estou muito contente de observar como
vocês são espertos e já sabem muitas coisas! Então, hoje nós vamos fazer
algumas atividades para que eu possa registrar o tanto que vocês já sabem. Por
isso, cada um vai fazer do seu jeito. Vou explicar, mas não vou ajudar. E
também só hoje não vale perguntar para o amigo, tudo bem?”
Para fazer isso, o professor precisará estar atento
e observar os procedimentos de cada criança. Esse trabalho pode ficar mais
fácil se a sala for dividida em grupinhos ou em dois grupos. Há de se registrar
todos os dados obtidos para ter conhecimento de quais são os saberes dos
pequenos. Assim, será possível planejar atividades ajustadas para os diferentes
agrupamentos de crianças.
Autora: Leninha Ruiz.
Fonte: http://gestaoescolar.abril.com.br/blogs/coordenadoras/2014/02/04/como-ajudar-o-professor-a-fazer-um-diagnostico-dos-saberes-da-turma-de-4-e-5-anos-2/. Acesso em: 10/03/2014.
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