O uso do termo currículo é recente no contexto escolar, sendo que ele apareceu no ano de 1582 na Universidade de Leiden, em 1633 na Universidade de Glasgow e de acordo com Domingues, o termo foi incluído no dicionário apenas em 1856.
No Brasil, apenas no ano de 1966 surgiram os manuais de Currículo baseados na concepção de Tyler. A partir dos anos 70, passa a ser compreendido como o resultado de um processo histórico e social.
O currículo envolve os conhecimentos construídos ao longo da história, assim como as concepções, crenças e valores que são importantes de serem transmitidos para as crianças e jovens de cada sociedade, refletindo os conflitos entre os interesses sociais e os valores dominantes.
Embora muitos autores e pesquisadores tenham buscado uma conceituação a respeito do termo, não foi possível chegar a um consenso, pois na literatura especializada, identificam-se variadas concepções, sendo que mais importante que conceituar, é perceber quais são as suas características e especificidades.
Com o passar do tempo, o currículo foi conceituado de diferentes formas, como uma lista de disciplinas, atividades desenvolvidas sob a responsabilidade da escola, grupo de cursos ou matérias da graduação, conjunto de experiências que a criança adquire na escola ou como prática social, referindo-se a reprodução e recriação cultural e social das esferas de cada sociedade, incorporando as manifestações de seus conflitos.
A análise do currículo deve englobar o currículo oficial/explícito, manifesto, em ação, oculto e real, para que seja possível compreendê-lo como uma prática em que se une ideias e práticas, intenção e realidade.
Relacionando a avaliação ao conceito de currículo, esta passa a acompanhar todo o processo de ensino e aprendizagem, servindo como reflexão e replanejamento das ações realizadas na escola, tendo a função de diagnosticar elementos explícitos ao processo de educação institucional, com o objetivo de retomar as ações no seu próprio curso.
Para responder ao questionamento sobre o que é proposta pedagógica e currículo em educação infantil foram consultadas algumas especialistas da área, que foram Tisuko Morchida Kischimoto, Zilma de Moraes Ramos de Oliveira, Maria Lúcia de A. Machado, Ana Maria Melo e Sônia Kramer.
Tisuko Morchida Kischimoto (Brasil, 1996) utiliza a etimologia do termo de origem latina que significa carro, carruagem e de forma metafórica relaciona-o ao contexto educacional, conceituando-o como um caminho, uma direção para que determinados objetivos sejam alcançados.
Kischimoto também faz distinção entre os termos, sendo que currículo refere-se à experiência vivenciada pelo aluno na escola e/ou o delineamento de intenções visando à realização de um conjunto de experiências e aprendizagens. O termo programa considera o delineamento de ações no contexto governamental e institucional e o termo proposta pedagógica é a explicitação de qualquer orientação na escola ou rede.
Zilma de Moraes Ramos de Oliveira (Brasil, 1996) conceitua currículo como um roteiro de viagem coordenado por um parceiro mais experiente – o professor – com a participação de todos os envolvidos. Deve-se voltar ao trabalho pedagógico realizado com as crianças, porém considera importante a inclusão das tarefas de cuidado realizadas nas Instituições de Educação Infantil.
Para Maria Lúcia de A. Machado (Brasil, 1996) os termos proposta pedagógica, proposta educativa, projeto pedagógico e projeto educativo apresentam significados similares que consistem em um conjunto de princípios e ações que regem o cotidiano dos Centros de educação Infantil. Porém, esta autora prefere utilizar o termo projeto educacional-pedagógico, pois projeto traz a ideia de plano, esboço, incompletude a ser traduzida em realidade e tem como intenção servir de guia à ação dos profissionais nas Instituições de Educação Infantil. A junção do termo educacional a palavra projeto indica a intencionalidade e comprometimento no desenvolvimento global da criança e, o termo pedagógico implica o caráter intencional e sistematizado do atendimento.
Para Ana Maria Melo (Brasil, 1996) o termo proposta psicopedagógica é mais adequado para o currículo na educação infantil, pois inclui a necessidade de considerar as características dos sujeitos que aprendem. Comenta também que a proposta pedagógica é o delineamento de diretrizes orientadoras dos princípios e objetivos gerais.
De acordo com Sônia Kramer (Brasil, 1996) o currículo ou proposta pedagógica (não havendo diferenciação entre os dois termos para a autora) reúne as bases teóricas e as diretrizes práticas, assim como aspectos de natureza técnica para a sua concretização. Para Sônia, é de grande importância que os profissionais que trabalham na Educação Infantil estejam sempre se atualizando, tendo acesso ao conhecimento da área e também da cultura, para que possam refletir sobre a sua prática e se reconstruírem como sujeitos da produção de conhecimento.
Após as análises das respostas das autoras, entende-se que não é necessária a criação de novos termos para se referir ao currículo na Educação Infantil, sendo que os que já são utilizados são amplos, não fazendo distinção das particularidades entre creche e pré-escola. Existe uma evolução dos termos currículo e proposta pedagógica, pois estes deixaram de referir-se a contextos fechados e específicos da educação para contextos mais abertos, em que os variados fatores do meio educacional precisam ser definidos e avaliados permanentemente para serem modificados e reelaborados cotidianamente.
muito boa sua síntese, espero que ela contribua para o meu desenvolvimento profissional.abraços!
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