A experiência mais interessante na vida do ser humano é a possibilidade de convivência com os seus pares, a vida em comunidade. A Educação Infantil é a primeira experiência de convivência na diversidade, visto que as crianças tem a oportunidade de conviver com os seus pares, de brincar, de interagir, de dialogar em um ambiente social de aceitação e confiança, planejado e organizado para recebê-la.
Portanto, é preciso considerar que o ambiente da instituição de Educação Infantil precisa ser acolhedor para todos que convivem neste espaço. Acolher significa preocupar-se com o outro, planejar situações para o bem estar daquele que será acolhido.
O acolhimento pode ser considerado sob diferentes pontos de vista:
• Das famílias que compartilham a educação da criança com a creche/pré-escola;
• Da criança, do significado e emoção que é passar de um espaço seguro e conhecido, para outro em que é necessário um investimento afetivo e intelectual para poder estar bem;
• Do professor, que recebe uma criança desconhecida e ainda tem as outras do grupo para acolher;
• Das outras crianças, que estão chegando ou fazem parte do grupo e precisam encarar o fato de que há mais um para repartir, mas também para somar;
• Da instituição, nos aspectos organizacional e de gestão, que prevê espaço físico, materiais, tempo e recursos humanos com competência para esta ação.
O momento de acolher é estratégico para possibilitar que os vínculos de confiança entre crianças, famílias e profissionais se estabeleçam. Um período de acolhimento sensível e bem planejado possibilita que as relações com as famílias das crianças sejam tranquilas ao longo do ano.
É importante considerar que além das crianças, os pais também precisam ser acolhidos na instituição de Educação Infantil, por isto, é essencial, respeitar os sentimentos dos pais que, muitas vezes, se sentem culpados em deixar seus filhos com pessoas estranhas à família, esclarecendo que as novas relações irão enriquecer os universos das crianças e de seus pais, sem substituí-los no seu papel principal.
O professor que recebe uma criança nova na turma também vivencia momentos conflitantes, com dúvidas e insegurança. Para facilitar esse processo ele segue algumas orientações como:
• Ter conhecimento da ficha de anamnese de cada criança antecipadamente;
• Valorizar a identidade da criança e escolher junto com ela o seu cabideiro ou gavetão, colocando seu nome e garantindo que aquele lugar ficará disponível para que ela possa guardar seus pertences;
• Informar os pais sobre o funcionamento da Instituição de forma detalhada e organizada, para que possam ter a maior clareza possível quanto aos princípios filosóficos e educacionais em que pauta o trabalho no espaço educativo que estão escolhendo para acolher seus filhos, para que compreendam o trabalho realizado com as crianças, que confiem nos adultos e que se sintam bem em deixar seus filhos nesta Instituição;
• Explicar aos pais que o período de adaptação é de aproximadamente 3 a 4 semanas e que as dúvidas, as inseguranças e culpas fazem parte desse processo, porém eles não estão sozinhos, pois o CEI também participa do processo de adaptação de seu filho;
• Permitir que nesse momento inicial da criança na Instituição ela traga de casa objetos que lhe dê segurança e conforto, como chupetas, paninho, brinquedos, entre outros. À medida que adquire mais intimidade com o novo espaço e as novas pessoas de referência, ela irá abrindo mão desses apoios. Os objetos podem estar simplesmente por perto, na mochila, no armário, onde ela recorrerá a eles provavelmente em momentos de maior fragilidade. Aos pouquinhos, a criança pode ser convidada a contribuir com objetos trazidos de casa para as dinâmicas do grupo, o que lhe causará grande prazer. Fotografias suas em diferentes idades e situações com seus familiares também ajudam. Nos primeiros dias, as crianças se sentirão mais a vontade, explorando ambientes, acompanhadas. Geralmente preferem a área externa, mexer com água, terra, areia, brincar no parquinho, até que aos poucos vão sendo atraídas pelo grupo de crianças, pelo desejo e curiosidade de “Ver” o que está acontecendo;
• Não ficar ansiosa para que as crianças se ajustem a rotina do grupo muito rapidamente. Deixar que as crianças mantenham seu jeito de ser, sua rotina individualizada, para aos poucos, se ajustar ao grupo;
• Procurar manter uma rotina estável sem muitas variações, para que a criança vá dominando cada vez mais a rotina. As crianças aprendem a se localizar no tempo e no espaço com as atividades quando a rotina é mantida, além de construir vínculos e se organizar para a aprendizagem;
• Organizar a sala de modo que o ambiente seja motivador, colocando colchões ou tapetes no chão para as crianças sentarem e disponibilizando brinquedos que favoreçam a afetividade, como bonecas e outros. Pode-se também organizar cantos de atividades diversificadas com objetos que as crianças se identificam conforme a faixa etária. O professor precisa interagir com as crianças e observar o que mais as interessam para que possam organizar um planejamento/projeto condizente com a realidade do grupo. Brincadeiras e brinquedos preferidos podem ser apresentados neste momento. Os cantos de atividades também favorecem que as crianças fiquem mais livres e brincando entre si, enquanto o professor pode dispensar uma atenção especial para a criança nova;
• Planejar atividades simbólicas que trabalhem a relação de perda (esconde-esconde, brincadeiras de imitar animais, entre outras);
• Considerar o parque como um espaço de atividade e planejar também intervenções para este momento. Brincadeiras na areia e na água, bolhas de sabão, lavar roupas de boneca, regar plantas, vai mostrando para as crianças que o ambiente de casa e o escolar possuem diferenças e semelhanças. As cirandas, os jogos motores, os circuitos e obstáculos garantem boas oportunidades de aprendizagem e brincadeiras;
• Nas duas primeiras semanas do início do ano letivo, planejar atividades coletivas e oficinas, visando uma integração entre as crianças de diferentes faixas etárias;
• Receber a criança, demonstrando alegria e satisfação por sua chegada;
• Estar presente no momento em que os pais se despedem da criança para ampará-la, dizendo-lhe que seus pais foram trabalhar e que virão buscá-la em determinado horário relacionando este com uma atividade específica (após o sono, lanche da tarde, etc.). Nesse momento é muito importante o contato físico entre professor e criança.
As dificuldades no período de inserção não acontecem apenas no ingresso da criança na unidade, podem também acontecer quando ela retorna após um período de afastamento, seja por férias, tratamento de saúde, férias dos pais ou qualquer outra situação.
Entendemos a importância de que durante o acolhimento, todos os envolvidos nesse processo estejam abertos para se integrarem no novo grupo que se constituem, criando novas formas de ocupação dos espaços e interações entre os diferentes sujeitos.
Fonte: Projeto Político Pedagógico do CEI Castelo Branco.
Muito legal este espaço. Obrigado pelas dicas. Elas vão ajudar bastante.
ResponderExcluirAbraço