quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Brincadeiras e interações nas práticas pedagógicas e nas experiências infantis - Parte 1 - Conhecimento de mundo


     As Diretrizes Curriculares Nacionais de Educação Infantil, de 2009, indicam que: "as práticas pedagógicas que compõem a proposta curricular da Educação infantil devem ter como eixos norteadores: as interações e a brincadeira, as quais devem ser observadas, registradas e avaliadas".
     Para iniciar a análise, é preciso pensar no significado de Interação: ação que se exerce mutuamente entre duas ou mais coisas, ou duas ou mais pessoas; ação recíproca. (Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa).
     Na educação infantil, sob a ótica das crianças, ocorrem interações entre:
* as crianças e as professoras/adultos - essenciais para dar riqueza e complexidade às brincadeiras;
* as crianças entre si - a cultura lúdica ou a cultura infantil só acontece quando as crianças brincam entre si, com idades iguais ou diferentes (maiores com bebês, crianças pequenas com as maiores);
* as crianças e os brinquedos - por meio das diferentes formas de brincar com os objetos/brinquedos;
* as crianças e o ambiente - a organização do ambiente facilita ou dificulta a ação de brincar. Uma estante na altura do olhar das crianças facilita o uso independente dos brinquedos. Um escorregador alto no parque,
além do risco oferecido ao uso pelos pequenos, leva a uma situação de estresse no grupo quando a professora proíbe utilizá-lo.

* as crianças, as instituições e as famílias - tais relações possibilitam vínculos que favorecem um clima de respeito mútuo e confiabilidade, gerando espaços para o trabalho colaborativo e a identificação da
cultura popular da criança e de sua família, de suas brincadeiras e brinquedos preferidos.


As práticas pedagógicas devem garantir experiências diversas que contemplem os 12 itens que serão a seguir especificados:

Conhecimento de Mundo:

* Experiência corporal - ver-se diante de um espelho favorece ao bebê o conhecimento de si mesmo e o leva a se identificar como distinto de outras crianças e dos objetos.

* Experiência com cores - o conhecimento de si próprio pode ser experimentado pela imersão no universo das cores, através das sensações produzidas por folhas de celofane coloridas, que se penduram em varais
Cortinas coloridas com aplicação de chocalhos e outros objetos sonoros também proporcionam aos bebês a descoberta de sons na relação com o corpo. O toque, a investigação e a curiosidade são formas de aquisição de conhecimento de si mesmo e do mundo que os cerca.
* Experiências corporais e afetivas - o adulto, ao pegar a criança no colo, troca olhares, sorrisos e oferece um clima afetivo e de bem-estar criando oportunidade para as primeiras descobertas; massagens no corpo e ambientes planejados com materiais diversos proporcionam novas experiências; brincadeiras corporais propiciam desafios motores, como subir em almofadas, pegar um brinquedo colocado a certa distância, ou pegar vários materiais com as mãos; tocar seu próprio corpo, brincar com as mãos, pés e dedos.

* Exploração e conhecimento do mundo - as experiências motoras (corporais), possibilitam posicionar o corpo para a exploração dos objetos, de subir em almofadas ou entrar em um buraco, ações que favorecem o conhecimento do mundo. Ao colocar o brinquedo na boca, as crianças sentem sua textura, conseguem
diferenciar algo que é mole ou duro, mas tais características ainda estão no plano da experiência vivida, seu pensamento ainda não consegue conceituar. Essas experiências constituem as bases para que mais tarde possam compreender os conceitos. Tapetes com diferentes texturas e cores ou objetos que podem ser explorados, trazem experiências significativas para os bebês. Estruturas com materiais pendurados de diferentes cores, tamanhos e texturas que, ao serem puxados pelas mãos ou pés dos bebês, emitem sons e permitem que eles decidam sobre o que querem fazer – balanças, puxar, ver e ouvir.

* As experiências expressivas – entre as brincadeiras interativas que levam o bebê a se expressar, é muito conhecida a de “esconder-e-achar” com fralda, dizendo “cucu”, “escondeu”, “achou”. Essa brincadeira ajuda a criança a aprender os significados dos movimentos, regras e a expressão da linguagem oral e dos gestos. Mas somente quando o bebê inicia a brincadeira e a conduz, escolhendo se vai esconder a si mesmo, ou seu bichinho de estimação, há aprendizagem e desenvolvimento cognitivo. Nesse momento, ele teve agência (decisão própria). Essa forma de brincar para esconder outros objetos desperta a curiosidade e o prazer – da descoberta, da repetição e recriação da ação. Há muitos brinquedos em que se colocam bolinhas dentro de estruturas com túneis que possibilitam a expressão do prazer do “desaparecer” e “reaparecer”. Brincadeiras de adultos e crianças de esconder objetos embaixo de almofadas ou copinhos, além de divertirem as crianças que procuram encontrá-los, criam desafios para as mentes infantis em desenvolvimento.

Fonte: Brincadeiras e brinquedos em creches (Manual de orientação pedagógica) elaborado por Tizuko Kishimoto e Adriana Freyberger. Brasília, 2012.






Um comentário:

  1. Excelente seu artigo estou no 4 semestre de pedagogia, preciso muito desse tipo de conteúdo.

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